terça-feira, 6 de março de 2012

NEM TODO O QUE ME DIZ

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” Mateus 7:21
O judeu orgulhava-se de ser filho da aliança. E o sinal que o colocava neste tão importante “status” era a circuncisão. No oitavo dia, todo macho israelita passava pelo procedimento “cirúrgico” da circuncisão. Este ato era tão importante que até o sábado poderia ser quebrado em razão deste. Era a entrada oficial de mais um membro na comunidade escolhida por Deus.
O problema do judeu era que esta noção de filho de Abraão o deixava em uma condição de alienação com o mundo. Ele estava tão seguro dentro de sua condição privilegiada que muitos acabavam vivendo uma religiosidade apenas de aparência; seu discurso não condizia com sua prática de vida.
Jesus combateu ferozmente a hipocrisia dos religiosos de sua época, daqueles que faziam da religião apenas um conjunto de rituais sem vida e sem propósito, dos quais Deus permanecia longe.
Neste texto Jesus mostra que aquele que diz e não faz não entrará no reino dos céus, mas aquele que diz e faz, esse sim tem entrada garantida. O cristianismo de Jesus não é uma religião de contemplação somente, apesar desta ter o seu papel. O cristianismo tampouco é uma religião de transcendência espiritual onde, através de técnicas, se consiga alcançar um estado de pureza perfeita. O cristianismo que Jesus ensinou e viveu é uma religião de prática de vida, onde o amor a Deus e ao próximo é a base de tudo.
No cristianismo de Jesus, não se espera a perfeição para agir. Agi-se mesmo que no meio do caminho haja tropeços e quedas. Age-se mesmo sabendo-se imperfeito e indigno. Age-se porque a verdadeira fé se concretiza com obras e não com discursos.
O cristianismo de Jesus vai muito além dos templos e reuniões; entra no mundo e faz parte deste como agente transformador.
É nos templos que dizemos Senhor, Senhor, mas é no mundo que fazemos a vontade do Pai.
Quando pregamos sobre o amor e a misericórdia, mas não vivemos estas experiências na prática somos hipócritas, da mesma qualidade que Jesus se referiu no texto, e corremos o sério risco de estarmos longe do reino.
Fazer parte do reino implica necessariamente a identificação e o comprometimento com este reino. Jesus quer libertar o mundo do pecado e da opressão e ele nos incumbiu desta tão honrosa tarefa que só vamos abraçar, quando verdadeiramente libertarmos nossa mente para o mundo e suas necessidades, tal qual Jesus fez.