“Nem
todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai que está nos céus” Mateus 7:21
O
judeu orgulhava-se de ser filho da aliança. E o sinal que o colocava neste tão
importante “status” era a circuncisão. No oitavo dia, todo macho israelita
passava pelo procedimento “cirúrgico” da circuncisão. Este ato era tão
importante que até o sábado poderia ser quebrado em razão deste. Era a entrada
oficial de mais um membro na comunidade escolhida por Deus.
O
problema do judeu era que esta noção de filho de Abraão o deixava em uma
condição de alienação com o mundo. Ele estava tão seguro dentro de sua condição
privilegiada que muitos acabavam vivendo uma religiosidade apenas de aparência;
seu discurso não condizia com sua prática de vida.
Jesus
combateu ferozmente a hipocrisia dos religiosos de sua época, daqueles que
faziam da religião apenas um conjunto de rituais sem vida e sem propósito, dos
quais Deus permanecia longe.
Neste
texto Jesus mostra que aquele que diz e não faz não entrará no reino dos céus,
mas aquele que diz e faz, esse sim tem entrada garantida. O cristianismo de
Jesus não é uma religião de contemplação somente, apesar desta ter o seu papel.
O cristianismo tampouco é uma religião de transcendência espiritual onde,
através de técnicas, se consiga alcançar um estado de pureza perfeita. O
cristianismo que Jesus ensinou e viveu é uma religião de prática de vida, onde
o amor a Deus e ao próximo é a base de tudo.
No
cristianismo de Jesus, não se espera a perfeição para agir. Agi-se mesmo que no
meio do caminho haja tropeços e quedas. Age-se mesmo sabendo-se imperfeito e
indigno. Age-se porque a verdadeira fé se concretiza com obras e não com
discursos.
O
cristianismo de Jesus vai muito além dos templos e reuniões; entra no mundo e
faz parte deste como agente transformador.
É
nos templos que dizemos Senhor, Senhor, mas é no mundo que fazemos a vontade do
Pai.
Quando
pregamos sobre o amor e a misericórdia, mas não vivemos estas experiências na
prática somos hipócritas, da mesma qualidade que Jesus se referiu no texto, e
corremos o sério risco de estarmos longe do reino.
Fazer
parte do reino implica necessariamente a identificação e o comprometimento com
este reino. Jesus quer libertar o mundo do pecado e da opressão e ele nos
incumbiu desta tão honrosa tarefa que só vamos abraçar, quando verdadeiramente
libertarmos nossa mente para o mundo e suas necessidades, tal qual Jesus fez.